Raça e gênero influenciam acesso à alimentação, reforçam novos dados da Rede Penssan
Seis a cada dez famílias com responsáveis de raça/cor da pele preta ou parda enfrentam algum nível de insegurança alimentar, segundo novos dados divulgados nesta segunda-feira (26) pelo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (Vigisan). A situação é pior quando mulheres são chefes de família, especialmente mulheres negras, e em lares com crianças de até 10 anos.
A cada 10 famílias brasileiras chefiadas por mulheres negras no Brasil, quatro convivem com insegurança alimentar de moderada a grave. Duas a cada dez com essa configuração enfrentam privação de alimentos e fome.
A prevalência mais alta da fome em domicílios chefiados por mulheres negras, comparativamente aos demais, foi também observada nas famílias com crianças de até 10 anos. A proporção neste grupo chegou a 23,8%. A insegurança alimentar moderada, quando a quantidade de alimentos é insuficiente para todos, também é maior nas famílias com essa configuração.
A pesquisa foi conduzida pela Rede Penssan, um pool de pesquisadores em segurança alimentar que revelou a existência de 33 milhões de brasileiros que passam fome.
Os autores trabalharam sobre dados coletados em entrevistas feitas em 12.745 domicílios, distribuídos em 577 municípios, localizados em áreas urbanas e rurais das cinco macrorregiões do Brasil. Não foram consideradas informações associadas a raça e cor da pele amarela e indígena porque não houve dados suficientes para uma amostra representativa dessas populações.
Na segunda edição da pesquisa, divulgada no ano passado, os autores já haviam revelado que a presença de crianças torna as famílias mais vulneráveis à insegurança alimentar.
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