Desde a aprovação das leis que proíbem a oferta e venda de alimentos ultraprocessados nas escolas do Rio de Janeiro e Niterói, o Instituto Desiderata vem realizando ações de divulgação e mobilização para que, além de colocadas em prática, essas leis, que já estão em vigor, sejam compreendidas.
O objetivo principal das leis é a criação de um ambiente alimentar mais saudável nas escolas, considerando que várias pesquisas já apontam os prejuízos dos ultraprocessados à saúde. Além disso, as escolas são espaços de aprendizado para a vida e onde crianças e adolescentes passam, em média, um terço do dia. Vale lembrar que há casos de estudantes que, por se encontrarem em situação de vulnerabilidade social, têm as refeições oferecidas na escola como principal fonte de acesso a uma alimentação adequada e saudável.
Por isso, no dia 28 de março, o Instituto Desiderata realizou o evento virtual “Conectando saberes: diálogos sobre alimentação adequada e saudável nas escolas”, com participação de Daniel Becker, pediatra e sanitarista; Maria Birman, nutricionista e integrante da Observatório da Alimentação Escolar (ÓAÊ); e Fabíola Leal, advogada e analista de Advocacy do Instituto Desiderata.
Ultraprocessados são, sim, um problema coletivo
Cada convidado para o evento trouxe o seu olhar e experiência para o diálogo sobre alimentação saudável. Conhecido por defender melhores hábitos alimentares desde a primeira infância, Daniel Becker reforçou o que estudos já vem demonstrando: por serem ricos em sal, açúcar e outros aditivos, os ultraprocessados são responsáveis pelo aumento da obesidade e de doenças crônicas, como a hipertensão, a diabetes e o câncer.
O médico alertou ainda que esses produtos foram criados para serem irresistíveis e agradáveis na textura e paladar.
“Eles ultrapassam a nossa saciedade e escravizam o paladar infantil, da criança que está iniciando a exploração natural dos alimentos e é colocada em contato frequente com os ultraprocessados. Ela acaba tendo o seu paladar escravizado, porque o mundo real não pode oferecer a mesma palatabilidade, a mesma delícia que a indústria fabrica artificialmente e fabrica de forma a adoecer”, alerta Daniel.
Já Maria Birman, nutricionista e representante da ÓAÊ, afirmou que impedir a presença desses alimentos nas escolas não só é uma forma de proteger as crianças de problemas de saúde futuros, mas também de alinhar conteúdo à vivência.
“Quando a alimentação que está presente no ambiente da escola é a mesma que é apresentada como adequada e saudável nos itinerários formativos e nas aulas de biologia, o que está acontecendo é um alinhamento muito importante para a educação entre discurso e prática. É assim que se aprende o que é, de fato, uma alimentação saudável”, explica Maria.
E para falar sobre alguns detalhes das leis do Rio de Janeiro e de Niterói, Fabíola Leal, advogada e analista de Advocacy do Instituto Desiderata relembrou os caminhos que levaram até a aprovação delas, enfrentando, inclusive, interferência da indústria de alimentos.
“Primeiro fizemos um trabalho de mapeamento do que já existia de política sobre alimentação adequada e saudável, para entender o que era possível ser feito e onde era possível avançar. Em seguida, começamos a incidir no Legislativo. Foram longos meses de negociação, incidência e debate para que a gente não aprovasse uma lei que fosse impossível de ser executada”, relembra Fabíola.
Quer saber mais sobre alimentação adequada e saudável e as leis que proíbem os ultraprocessados nas escolas? Confira o evento na íntegra aqui!
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