Apenas 37,2% das crianças tiveram amamentação exclusiva até os seis meses
As condições nutricionais na gestação, o desmame precoce e a introdução de alimentos ultraprocessados aumentam o risco de sobrepeso no primeiro ano de vida de crianças mais pobres, sugere uma recente revisão sistemática feita por pesquisadoras da Universidade Federal do Alagoas e publicada no Pediatric Obesity Journal.
O estudo avaliou fatores como o Índice de Massa Corporal (IMC) pré-gestacional, tipo de parto, paridade, cuidados com a saúde na gestação, peso ao nascer, amamentação, introdução alimentar e práticas alimentares maternas.
Um total de 196 crianças e mães do município de Rio Largo (AL) foram acompanhadas pelo estudo ao longo de um ano, sendo a maioria das famílias de baixa renda (67,9%), com alta frequência de mães cadastradas no antigo Programa Bolsa Família (53,4%) e vivendo em insegurança alimentar (46,1%).
Apenas 37,2% das crianças tiveram amamentação exclusiva até os seis meses e cerca de metade (51,5%) nos primeiros 30 dias de vida. Cerca de 17% das crianças já apresentavam excesso de peso ao completar 1 ano de idade.
A frequência de baixo peso ao nascer foi de 6,1% e cerca de 40% das crianças receberam fórmula infantil na maternidade. Entre as crianças investigadas, 17% estavam com excesso de peso.
Com os dados, as autoras confirmam que a prevalência maior de excesso de peso na primeira infância nas áreas mais pobres do Brasil se relaciona à insegurança alimentar e reforçam a urgência de políticas públicas e ações na prevenção e cuidado à obesidade infantil.
A pesquisa foi desenvolvida por Jayanne Mayara Magalhães de Melo, Bruna Larine Lemos Fontes Silva Dourado, Risia Cristina Egito de Menezes, Giovana Longo-Silva e Jonas Augusto Cardoso da Silveira, e teve financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas.
O artigo original está disponível aqui (em inglês).
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